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Sexualidade e idadismo

Quando imaginamos um idoso pensamos inevitavelmente numa pessoa com um corpo envelhecido, possivelmente até de bengala, em casa e rodeados de netos. Quando alargamos a imaginação ao amor na terceira idade, aí o idadismo instala-se.

O Homem é um ser sexuado, seja na adolescência, idade adulta ou na terceira idade. Embora um corpo envelhecido seja visto aos olhos da sociedade como como um corpo deteriorado e socialmente inútil, o processo de envelhecimento não nos tira nenhuma característica, pode sim alterá-las, deteriorá-las ou aprimorá-las.

As mudanças físicas, sociais e emocionais que acompanham o processo de envelhecimento podem levar à diminuição da libido. A queda dos níveis de testosterona que ocorre nos homens pode levar a disfunções sexuais, entre estas a diminuição da libido e transtornos de ereção levando à diminuição da atividade sexual. Na mulher, a secura vaginal consequente da alteração hormonal que acompanha a menopausa, bem como a alteração da mucosa vaginal que se torna mais fina, podem levar ao desconforto durante o ato sexual e consequentemente à não procura do sexo. Mas mais do que os fatores intrínsecos ao envelhecimento que interferem com a sexualidade do idoso estão os fatores extrínsecos. Fatores emocionais como a ansiedade e o stress causado pelos problemas financeiros, problemas familiares, a saída da própria habitação para um lar ou para a casa dos filhos. Para além destes, a ideia de que o ato sexual não vai ser igualmente prazeroso, a ideia de falhar para com o parceiro, o medo de não atrair o parceiro pelas mudanças que aconteceram no próprio corpo, o medo de não atingir o orgasmo. Fatores culturais e sociais como a ideia estereotipada de que os idosos se tornam inativos em todas as suas valências e o próprio preconceito de que os idosos se tornam seres assexuados, que não praticam sexo são os fatores major que influenciam negativamente a autoestima, a autoeficácia e autoconfiança dos próprios idosos. Para além de que tornam o assunto como tabu levando à não procura de ajuda quando o casal idoso quer manter a atividade sexual saudável.

A prática de atividade sexual, a vivência da sexualidade em todo o seu domínio é importante em qualquer etapa da vida do ser humano. É necessário falar sobre as alterações que acontecem mas sem tabus, de forma a que os idosos entendam as suas limitações e mudanças para redefinir novas formas de prazer coerentes com sua realidade física e psicológica. 

 

 

Este é o desafio segundo a (OMS, 1992) compreender que a sexualidade deve ser encarada como “uma energia que nos motiva a procurar amor, contacto, ternura e intimidade, que se integra no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados, é ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual; influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e, por isso, influencia também a nossa saúde física e mental.

Enfermeira Joana Faia, mestranda em Enfermagem de Reabilitação.

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