Artigos

7 PASSOS PARA DESCONSTRUIR O ETARISTA QUE EXISTE EM VOCÊ

“A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer.”

Assim começa este meu artigo e a canção “Envelhecer” de Arnaldo Antunes. Ele lançou a música, em 2009, às vésperas de completar 50 anos e a dedicou a todos que ENFRENTAM e AFRONTAM o seu medo de envelhecer. Enfrentar é encarar, lutar, combater… E afrontar é atrever-se, ousar, desafiar, desacreditar… É disso que estamos falando, quando falamos de etarismo – ou idadismo . O preconceito pela idade é algo a ser combatido e desafiado e desacreditado, mas que mora em muitos de nós. Por isso, também deve ser desconstruído. É considerado o mais universal – e talvez mais inconsciente – preconceito na sociedade. Segundo levantamento global sobre etarismo da ONU, uma em cada duas pessoas no mundo pratica ou já praticou discriminação relacionada à idade. O idadismo se manifesta em diversos ambientes, pode causar prejuízos à saúde física e mental, levar ao isolamento e até à violência física e também financeira. Mas é no mercado de trabalho que ele tem ficado evidente e … acredite: intergeracional. Engana-se quem pensa que é “exclusividade” dos profissionais mais velhos.

O etarismo afeta adultos mais jovens, que podem ter dificuldade em encontrar emprego e, muitas vezes, recebem salários mais baixos, sob a justificativa de que são menos experientes. Enquanto adultos mais velhos podem ter problemas para conseguir promoções, encontrar um novo trabalho e mudar de carreira.

A organização AARP  relata que 1 em cada 5 trabalhadores nos Estados Unidos tem mais de 55 anos. Quase 65% dos trabalhadores dizem que sofreram discriminação com base na idade no trabalho e 58% dos entrevistados afirmaram que o etarismo se tornou mais aparente para eles pós os 50 anos. No Brasil, uma pesquisa do Infojobs revelou que 70% dos profissionais com mais de 40 anos já sofreram preconceito por causa da idade e 78% consideram que o mercado não oferece as mesmas oportunidades para quem passou dos 40.

Ao mesmo tempo, cada vez mais jovens e maduros reclamam do mesmo preconceito, como temos lido no noticiário.

Criar um ambiente de convivência saudável entre gerações não só traz melhor clima para a organização. Já foi provado por pesquisas de diversas instituições, que promove inovação, aumenta a produtividade e o desempenho financeiro da empresa, e – o melhor – gera segurança emocional e bem-estar para cada profissional. No lugar de conflito, cooperação. No lugar de competição, complementaridade. Para isso, desconstruir o etarista que existe em nós é preciso.

E QUAIS SÃO OS 5 PASSOS PARA COMEÇARMOS?

1 – FALAR SOBRE O IDADISMO. Um dos primeiros movimentos é trazer o assunto às conversas, incluir o pilar etário nos debates sobre a diversidade e a inclusão. Afinal o envelhecimento é o único fator transversal a todos nós, independente de gênero, raça, orientação sexual, PCD, religião…

2 – TER CONSCIÊNCIA. Esse passo é causa e consequência do primeiro. Importante olhar ao redor. Observar se estamos inseridos num ambiente multigeracional, se estamos nos fechando em bolhas e delimitando territórios, discriminando sem perceber.

– EVITAR OS ESTEREÓTIPOS. Estereótipos são ideias pré-concebidas sobre uma pessoa ou um grupo. São rótulos de comportamento, qualidades ou defeitos que colamos no outro e que levam a pré-julgamentos que, geralmente, não deixam ver quem ele(a) realmente é ou pode vir a ser.

4 – EXERCER A ESCUTA INTENCIONAL. Para desconstruir pré-conceitos, temos que buscar conhecer o(a) outro(a), estar abertos a ouvir suas histórias, vivências, seus gostos, hábitos, entender como se comunicam, qual é seu ritmo, quais são suas habilidades, o que desejam… Garanto que vão encontrar muito mais semelhanças do que diferenças.

5 – TER EMPATIA. MAS ATIVA! Mais do que se colocar no lugar de uma pessoa, tentar se imaginar naquela mesma situação, é importante fazer um movimento ativo em direção à ela. Ir até a pessoa, quebrar as barreiras visíveis e invisíveis.

6 – NÃO COMPARTILHAR PIADAS OU FRASES IDADISTAS. Se você chegou até aqui, não dá para tolerar piadinhas com cunho idadista. Aquelas que chamam um profissional de “gagá”, “caduco” ou “mal saído das fraldas”. Ou ainda que se referem a “aquele menino” e/ou à “aquela velha”. Assim como não tem graça nenhuma atribuir a atitude de uma mulher a “ela estar na menopausa” ou desconfiar da competência de alguém por ter “passado da idade”, “por ser velho(a) demais” ou “novo(a) demais”… E nunca, nunca, dizer a nós mesmos que “não temos idade” para fazer qualquer coisa.

7 – TRABALHAR PELA INCLUSÃO. Acolher, nos misturar , aproveitar todos os conhecimentos, saberes e superações das várias gerações. Abraçar e promover esses passos do 1 ao 6 já é um grande começo. Idade não determina habilidade. Pessoas mais velhas não são melhores nem piores que pessoas jovens, são simplesmente plurais.

Fecho esse artigo ainda ao som de “Envelhecer”, de Arnaldo Antunes.

“Não sei por que essa gente vira a cara pro presente e esquece de aprender que felizmente ou infelizmente sempre o tempo vai correr. Eu quero é viver pra ver qual é e dizer venha pra o que vai acontecer!”

#encontrodegerações #etarismo #diversidadeeinclusão #diversidadegeracional #idadismonomercadodetrabalho

 

Marcia Monteiro é jornalista, pesquisadora de tendências da nova Longevidade e fundadora da Geração Ilimitada®️ Estudos e Palestras.

 

FOTO DE CAPA: PEXELS DE ANNA SHVETS

1579 views
cool good eh love2 cute confused notgood numb disgusting fail