por MARIANA ALBUQUERQUE (Notícias Magazine)
Ela atrás e ele à frente com uma bengala na mão. Um casal de idosos vergados a atravessar uma rua é o desenho do sinal de trânsito que entrou em vigor no nosso país em 1994 e que indica ao condutor que está a entrar numa zona frequentada por mais velhos, seja um lar, um jardim, um parque ou outros locais similares. Ou até mesmo à entrada de uma estrada nacional que atravessa toda uma aldeia do interior. É um sinal triangular vermelho que indica perigo, que os mais velhos andam por perto.
Este sinal de trânsito entrou em vigor no nosso país em 1994 e indica ao condutor que está a entrar numa zona frequentada por mais velhos.
O desenho surgiu no Reino Unido, num concurso infantil, e o sinal de trânsito saiu à rua em 1981. E foi precisamente no país de origem que a polémica estalou. Será que hoje faz sentido retratar os idosos como pessoas frágeis, incapacitadas e que são um perigo para os condutores?
Ou haverá uma maneira mais divertida e atual de avisar os automobilistas de que há pessoas mais velhas nas imediações? No Reino Unido foi lançada uma campanha, por uma agência de comunicação, que desafiou designers a apresentarem alternativas, a reinventarem a imagem.
O italiano Oliviero Toscani, autor das polémicas campanhas publicitárias da Benetton, deu o seu contributo com uma imagem inspirada na mítica fotografia dos Beatles a atravessar a Abbey Road. A campanha deu origem a um livro, a uma exposição, e os cartazes dos “novos” sinais estão a ser leiloados. As receitas serão entregues a uma instituição britânica que trabalha com idosos.
Para Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas, está na hora de tornar o sinal de trânsito “mais dinâmico” e, se houver essa vontade, a entidade que dirige está disposta a apresentar ideias. Há 40 anos, o contexto era outro, tudo mudou entretanto. “O idoso que hoje anda na rua não é um velho tão alquebrado como o do sinal, é um velhinho mais dinâmico”, refere, ao defender uma abordagem mais positiva em relação aos mais velhos.
Maria João Valente Rosa, diretora da Pordata, demógrafa e professora universitária, considera que o aviso aos automobilistas para pessoas portadoras de alguma incapacidade faz sentido. O problema são as imagens escolhidas. “A velhice não é um estado único, igual para todas as pessoas, mesmo quando falamos de saúde. Os problemas de mobilidade ou as incapacidades não são um exclusivo dos mais velhos. Este sinal alimenta um estereótipo negativo sobre as pessoas mais velhas, passando uma imagem altamente redutora, errónea e prejudicial sobre este grupo etário”, contesta.
Envelhecer já não é o que era, mas o conceito de terceira idade ainda vive amarrado à idade da reforma e os 65 anos surgem como a referência, como uma fronteira. Só que a sociedade mudou e, hoje, ter 70 anos é muito diferente do que era há três ou quatro décadas.
Para Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas, está na hora de tornar o sinal de trânsito “mais dinâmico” e, se houver essa vontade, a entidade que dirige está disposta a apresentar ideias. Há 40 anos, o contexto era outro, tudo mudou entretanto. “O idoso que hoje anda na rua não é um velho tão alquebrado como o do sinal, é um velhinho mais dinâmico”, refere, ao defender uma abordagem mais positiva em relação aos mais velhos.
Maria João Valente Rosa, diretora da Pordata, demógrafa e professora universitária, considera que o aviso aos automobilistas para pessoas portadoras de alguma incapacidade faz sentido. O problema são as imagens escolhidas. “A velhice não é um estado único, igual para todas as pessoas, mesmo quando falamos de saúde. Os problemas de mobilidade ou as incapacidades não são um exclusivo dos mais velhos. Este sinal alimenta um estereótipo negativo sobre as pessoas mais velhas, passando uma imagem altamente redutora, errónea e prejudicial sobre este grupo etário”, contesta.
Envelhecer já não é o que era, mas o conceito de terceira idade ainda vive amarrado à idade da reforma e os 65 anos surgem como a referência, como uma fronteira. Só que a sociedade mudou e, hoje, ter 70 anos é muito diferente do que era há três ou quatro décadas.
“O rótulo da terceira idade ainda sobrevive, muito devido à marca da reforma”, salienta a diretora da Pordata, sublinhando ainda que “envelhecer não é uma doença, é um processo natural.” O relógio atrasa-se e tudo acontece mais tarde. “É compreensível que as pessoas por estarem na ‘tal’ terceira idade se sintam especiais, tanto mais por saberem que a sociedade as reforma, de forma compulsiva, quer queiram, quer não.”