A Organização Mundial da Saúde define o idadismo considerando a forma como pensamos (estereótipos), como sentimos (preconceitos) e como agimos (discriminação) em relação aos indivíduos tendo por base, exclusivamente, a sua idade. O conteúdo idadista pode manifestar-se, de forma mais flagrante ou subtil, a vários níveis, desde logo, a nível institucional, através de leis ou normas sociais que condicionam injustamente as oportunidades das pessoas; a nível interpessoal, através do modo como interagimos com alguém ou ainda, a nível individual, pela forma como nós próprios nos caracterizamos.
Os sentimentos e comportamentos idadistas começam a ser assimilados desde a infância e, apesar de serem transversais a todas as idades, evidenciam-se, sobretudo, em relação às pessoas mais velhas sendo tão comuns nas sociedades modernas que, muitos de nós, não os reconhecemos como prejudiciais. Com efeito, a evidência científica sugere que o idadismo piora a saúde física e mental das pessoas mais velhas e aumenta o isolamento social e a solidão. Considere-se a amplificação do discurso negativo em torno destas durante a pandemia de Covid-19 na premissa de que todas seriam “frágeis e vulneráveis”. Desconstruir este estigma implica romper com a ideologia negativa que o sustenta. Para isso, é determinante ajustar a nossa perspetiva em relação às pessoas mais velhas, focando-as pela lente da experiência, da competência e da sabedoria. Neste propósito, a associação STOP IDADISMO, que muito tem contribuído para a visibilidade do tema, assinalou, a 7 de outubro, o dia da consciencialização do idadismo com uma conferência online. O evento, que contou com especialistas de Portugal, Espanha e Brasil, esclareceu o público sobre esta problemática e incentivou a promoção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
Ainda que todas as formas de discriminação, como o racismo ou o sexismo, sejam igualmente nocivas e devam, por isso mesmo, ser combatidas, o idadismo carrega uma ironia singular, discrimina aquilo que todos nós, com o passar do tempo, inevitavelmente nos tornaremos: mais velhos.
Já pensou nisto?
IOLANDA LIMA – Gerontóloga | Articulista no Jornal A Aurora do Lima