Não basta não ser idadista – é preciso ser anti-idadista.
“Nós, idosos, estamos tentando criar um novo mundo em que seja melhor para os jovens de hoje envelhecer. Daí a motivação de 43 co-autores de setores e disciplinas diferentes que escreveram sob minha liderança, o manual, lançado agora e disponível gratuitamente para todos que queiram aprender mais, se conscientizar e perceber que nosso futuro é o envelhecimento”, explica à coluna GENTE o médico gerontólogo Alexandre Kalache, responsável por organizar a publicação e referência do assunto no país.
Inspirado pelo ativismo de outros movimentos sociais, o coletivo Velhices Cidadãs lançou o “Pequeno Manual Anti-idadista”, cuja distribuição é gratuita.
“A sociedade é hedonista, e o belo é sempre equivalente a ser jovem. Não pode ter rugas ou deficiência física. Tem que aparentar jovem para sempre. Uma busca eterna da juventude que é tão fútil quanto inútil”, reflete Kalache, parafraseando reconhecida ativista norte-americana: “Nós temos que combater o idadismo da mesma forma como Angela Davis combateu o racismo. Não basta não ser idadista, você tem que ser anti-idadista”.
A obra é coordenada pelo médico gerontólogo Alexandre Kalache, uma referência mundial quando o assunto é envelhecimento, e reúne 43 autores de várias regiões do país e um de Portugal, José Carreira, Presidente da Associação Stop Idadismo.
Juntos, eles assinam 14 capítulos que abrangem diferentes aspectos do preconceito contra as pessaos idosas. O grupo nasceu do coletivo Velhice Não É Doença, criado para combater a iniciativa da Organização Mundial da Saúde que pretendia incluir a velhice na Classificação Internacional de Doenças.
“O idadismo é um ataque à humanidade. Alegar não ser idadista é simplesmente uma negação. Ser anti-idatista é um compromisso de fazer algo. Devemos responder ao idadismo diante da agressão que é”
(Alexandre Kalache, In Pequeno Manual Anti Idadista)
O primeiro passo, propõem os autores, é observar e desconstruir o preconceito que há dentro de cada um de nós.
“Talvez você não precise buscar tão longe na memória para se lembrar de uma situação em que estranhou o uso de um penteado de uma pessoa idosa ou achou que ela não era capaz de aprender algo novo. Por outro lado, talvez você não veja nada de errado com o uso da imagem de velhinhos curvados para representar idosos.
O idadismo brota desses «microidadismos»
Portanto, eduque-se e eduque os outros.
Atitudes baseadas em estereótipos são observadas inclusive entre os profissionais de saúde, que interpretam sintomas de declínio funcional e cognitivo como “coisas da idade” que não merecem cuidado especial.
PARA ACEDER, GRATUITAMENTE, AO MANUAL, CLIQUE AQUI…