Vivemos uma época muito peculiar de uma aumento da esperança de vida à nascença. Por exemplo em Portugal já passa os 81 anos. E a quantidade de pessoas que passam a barreira dos 100 anos também tem vindo a aumentar, não só em Portugal, mas no Mundo inteiro.
Esta situação leva a uma nova abordagem sobre os idosos, porque na verdade nós vivemos mais tempo, mas também há um aumento de pessoas com mais qualidade de vida na idade avançada. Infelizmente ainda não é a maioria, mas já se começa a notar uma tendência. O exercício físico tem um impacto brutal nessa qualidade de vida. Isso é indiscutível, tanto que recentemente tanto o Bastonário da Ordem dos Médicos de Portugal como a própria OMS lançaram uma campanha sobre os benefícios na saúde e na prevenção da doença que o exercício físico tem. Desde a prevenção e o controlo de doenças metabólicas, como a manutenção do tecido muscular e ósseo, como o impacto na saúde cardio-vascular, os benefícios vão muito mais além do que a simples estética que tantas vezes é associada ao exercício físico, principalmente o praticado em ginásios. Assim, cada vez mais vemos um mercado atento a estas mudanças, e vimos nos últimos 2 anos uma especialização gigante em exercício e saúde, seja com pós-graduações, mestrados, doutoramentos, ou formação contínua. Temos especialidades em exercício e envelhecimento, em que o principal objetivo é dotar os profissionais de ferramentas que permitam criar rotinas de treino adaptadas à população idosa. Mas já não é o exercício só da cadeira, ou as caminhadas leves. A qualidade da prescrição de exercício melhorou tanto, que vemos profissionais a trabalhar por exemplo com pessoas idosas com problemas oncológicos e a terem resultados fantásticos na recuperação do tratamento, ou em idosos com doenças do foro músculo-esquelético que passam a caminhar independentemente, ou idosos que abandonam medicações que usavam já há muitos anos. Não é milagre, é o impacto positivo que o exercício físico tem em todos os sistemas.
Por outro lado, vemos o fenómeno crescente de profissionais mais maduros e que continuam no terreno. Há 20 anos atrás, era muito comum um profissional de exercício físico mudar de rumo, abandonar as aulas de grupo e se dedicar à gestão ou a outro cargo. Neste momento, é muito comum entrarmos no ginásio e vermos um instrutor de aulas de grupo ou um personal trainer com 50 ou 60 anos, com uma jovialidade imensa. este é um factor importantíssimo para a evolução do nosso sector, porque a acumulação de experiência na área deve permanecer na área para ajudar os profissionais menos experientes. Isso aumenta a qualidade profissional e dá estabilidade profissional ao sector.
Acredito que a curto prazo vejamos programas de incentivo massificados, e que os nossos ginásios sejam invadidos por populações mais velhas. Esta já é a minha realidade, em que a média de idades do grupo de ginásios onde trabalho, já é superior a 40 anos (e atenção que temos aulas de bebés e crianças também). Frequentemente temos novos sócios acima dos 60 anos a inscreverem, pois na verdade é quando têm mais tempo, estão já reformados, com as suas contas estabilizadas. E ainda têm tanta jovialidade e tantos anos para viver bem.
É fundamental que se olhe para este prisma não como um estorvo, pois a natalidade baixa e a longevidade aumenta e traz problemas de sustentação das reformas e apoios sociais. Temos de olhar para este fenómeno com muita alegria, com muita criatividade, e continuar a dar qualidade de vida e bem-estar a quem tanto já contribuiu durante a sua vida.
Faça exercício físico sempre, independentemente da sua idade ou doença associada. Porque se procurar bons profissionais, encontrará uma ajuda valiosa para a sua qualidade de vida e o seu bem-estar.
Sónia Nascimento
Diretora Técnica FFitness
Parceiro GiroHC
www.girohc.pt