ARTIGO EM DESTAQUE – #ÀFlordaPele Idadismo – o preconceito invisível que precisamos de enfrentar
AUTORA: MAFALDA SANTOS
O idadismo é uma forma de discriminação que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, manifestando-se através de preconceitos e estereótipos relacionados com a idade. Hoje, dia 7 de outubro, celebra-se o Dia de Consciencialização do Idadismo, sendo essencial refletir sobre o impacto desta forma de discriminação na sociedade e as medidas que podemos adotar para mudar mentalidades e promover uma convivência mais inclusiva entre gerações.
As consequências sociais e económicas do idadismo
O idadismo afeta não só os indivíduos mais velhos, mas também a forma como a sociedade os vê e valoriza. De acordo com um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), publicado em 2021, uma em cada duas pessoas em todo o mundo tem atitudes idadistas. Isto significa que metade da população mundial adota, conscientemente ou não, preconceitos que limitam as oportunidades, a participação e a contribuição das pessoas mais velhas.
As consequências sociais desta discriminação são devastadoras. As pessoas mais velhas enfrentam barreiras no acesso ao emprego, na obtenção de cuidados de saúde, na forma como as suas competências e capacidades físicas e cognitivas são percecionadas e até no exercício de direitos civis e políticos. Estas restrições não só limitam a liberdade individual e a qualidade de vida, mas também perpetuam a ideia de que o envelhecimento é algo negativo, um fardo para a sociedade. O idadismo – termo reconhecido pelo dicionário de língua portuguesa desde abril de 2023, no qual o trabalho e esforço desenvolvido pela associação portuguesa #stopidadismo foi essencial – define o idadismo como “um estereótipo e preconceito em relação à idade”, sendo possível ser sentido tanto pelas pessoas mais velhas como pelas mais jovens, sendo a terceira maior forma de discriminação, depois do racismo e do sexismo. É, assim, essencial falar do tema, assumir a idade, colocá-lo na agenda mediática e torná-lo visível nos vários espectros da sociedade.
Como o idadismo está enraizado nos padrões de beleza
O idadismo está profundamente enraizado nas perceções de beleza e envelhecimento, particularmente no mundo ocidental. Durante décadas, a juventude tem sido exaltada como o padrão de beleza, o que reforça uma visão distorcida do envelhecimento. As rugas, os cabelos brancos e outros sinais naturais da passagem do tempo são, muitas vezes, retratados como algo a ser corrigido, seja através de intervenções estéticas, seja através da ocultação desses sinais, colocando uma pressão nos indivíduos – mas principalmente nas mulheres, às quais há uma exigência maior em prolongar a juventude e a beleza quando comparadas com os homens.
Além da estética, o idadismo também afeta a perceção das capacidades das mulheres mais velhas, sendo muitas vezes vistas como menos competentes no trabalho ou desatualizadas em relação às tendências culturais e tecnológicas – um preconceito que contribui para aumentar a exclusão social e marginalização, gerando um ciclo de invisibilidade e solidão.